Ao pedir um crédito habitação, é quase certo que o banco vai exigir a contratação de um seguro de vida. Esta exigência protege o banco no caso de morte ou invalidez do titular do empréstimo — o seguro serve como garantia de que a dívida será paga. Mas o que nem sempre se explica bem são as coberturas envolvidas, as diferenças entre os tipos de invalidez e o impacto que tudo isto pode ter nas prestações mensais ou até no spread aplicado.
Neste guia, reunimos os pontos mais importantes para perceber melhor o que está em causa quando se assina um seguro de vida ligado ao crédito habitação. Saber o que está a contratar pode fazer a diferença entre pagar mais todos os meses… ou garantir uma proteção a sério, para si e para a sua família.
1. Porque é que o banco exige este seguro?
O seguro de vida é, acima de tudo, uma rede de segurança — para o banco e para os herdeiros.
Se algo acontecer ao titular do crédito (morte ou invalidez grave), o seguro entra em ação e a dívida é paga. Com isso:
- o banco evita ficar com um crédito por saldar.
- a família não herda uma dívida.
- o imóvel pode até ficar pago e em nome dos beneficiários.
Legalmente, este seguro não é obrigatório. Mas, na prática, nenhum banco concede crédito habitação sem ele.
2. Afinal, o que cobre este seguro?
Regra geral, o seguro de vida cobre duas situações:
- Morte.
- Invalidez (dependendo da modalidade contratada).
É precisamente na cobertura de invalidez que existem grandes diferenças — e é aí que entra a distinção entre IAD e ITP.
3. IAD vs ITP: o que muda?
IAD – Invalidez Absoluta e Definitiva
É a cobertura mais comum e também a mais económica. Mas também é a que menos cobre.
Para o seguro ser acionado, a pessoa tem de ficar totalmente incapacitada, sem hipótese de voltar a trabalhar, e depender de terceiros para as tarefas básicas do dia a dia (como comer ou vestir-se).
✅ Exemplo:
- Um acidente grave que deixa a pessoa tetraplégica. O seguro com IAD cobre.
🚫 Mas se a pessoa tiver uma invalidez que a impede de trabalhar, mas continuar autónoma em casa, o seguro não cobre.
ITP – Invalidez Total e Permanente
É uma cobertura mais abrangente, e por isso mais cara. Aqui, o seguro cobre situações em que a pessoa deixa de poder exercer qualquer profissão remunerada — mesmo que consiga viver de forma independente.
✅ Exemplo:
- Um arquiteto sofre uma lesão permanente e já não consegue trabalhar, embora continue autónomo. Com ITP, o seguro cobre.
Esta cobertura faz especial sentido para quem trabalha por conta própria ou tem profissões que exigem boas condições físicas ou mentais.
4. Posso escolher a seguradora?
Sim, pode. Os bancos costumam apresentar o pacote “completo”, onde já está incluído o seguro de vida (normalmente da seguradora do próprio grupo financeiro). Em troca, oferecem um spread mais baixo.
Mas a verdade é esta: tem direito a escolher outra seguradora, desde que o seguro cumpra os requisitos exigidos pelo banco.
Isto está previsto no Decreto-Lei n.º 222/2009. O banco não pode recusar o seguro só porque foi feito fora — desde que cubra o mesmo.
5. Posso mudar de seguradora?
Pode. E às vezes compensa.
Há seguradoras independentes com preços bastante mais baixos e coberturas mais vantajosas.
Antes de mudar, confirme:
- os prazos de aviso prévio (geralmente 30 dias).
- se o banco aceita a nova apólice.
- se vai perder bonificações no spread.
Mesmo com um pequeno aumento no spread, a poupança no prémio do seguro pode justificar a mudança.
6. O que pode ajudar a baixar o spread?
Além do seguro de vida, os bancos costumam premiar quem contratar outros produtos:
- domiciliação do ordenado.
- cartão de crédito (com uso mínimo mensal).
- seguros adicionais (como o multirriscos).
- planos de poupança ou PPR.
Mas atenção: não vale a pena contratar produtos só para baixar o spread. Pode acabar por pagar mais do que aquilo que poupa.
7. Antes de assinar, confirme estes pontos
- Compare várias propostas, com as mesmas coberturas (IAD vs ITP).
- Peça simulações com e sem bonificação do spread.
- Leia a apólice com atenção: há exclusões importantes?
- Verifique se pode mudar de seguradora no futuro.
- Veja o impacto real na prestação mensal de escolher ITP em vez de IAD.
8. Em resumo
O seguro de vida é uma peça-chave no crédito habitação. Mas não deve ser encarado como um detalhe técnico. Saber o que cobre (e o que não cobre), conhecer as diferenças entre IAD e ITP e perceber o impacto que isso tem na prestação pode fazer toda a diferença.
Na Findigno, ajudamos os clientes a analisar o crédito, a apólice de seguro e as condições do banco. Sem pressões e com números à frente, para decidir com confiança.
Se quiser perceber se está a pagar demais ou se faz sentido mudar de seguradora, fale connosco. Podemos ajudar.